O aperto que mora no peito

Joana de Clarice

Eu sinto um aperto no peito

Que não é passageiro

Ele é inquilino

O tenho escondido de mim

Para que possa esquecer 

E viver

 

Eu tenho inquietações em minha alma

Que nem o verde bonita da janela acalma

Tenho pensado sobre tudo

Sobre eu

Sobre você

E os outros que me atormentam

 

Já não choro mais como antes

É só um choro contido

Às vezes no final do noite

Rapidamente durante o dia

Não choro pois não desaguo mais como antes

 

Estou feito uma represa

Guardando meus redemoinhos numa agua profunda

Não me importando com o que acho

Com o que penso

Com o que sinto

Só sigo em frente

 

Tenho estado demais com quem não admiro

Tenho aceitado demais a opinião alheia

Tenho tentado me encaixar onde não me cabe

O vazio que me ocupa

Não é preenchido com o que me conflita

E se me perguntar: Onde doe?

Não sei, a minha carne está inerte

 

Não sou quem eu era

Por enquanto

Sou o que consigo ser

O eu que sobreviveu

Que veste a fantasia de tecido esgaçado 

Que usa a mesma mascará quase todo dia

Invisível a todos que conseguem enxergar

Enxergando tudo o que passa ao meu redor.

  • Autor: Joana de Clarice (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de outubro de 2025 14:28
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5
Comentários +

Comentários1

  • Ivan Lomasso

    Bacana.
    Me identifiquei no seu poema.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.