(por Gefessone Duarte)
Ainda somos escravos, meu irmão cansado,
De algemas polidas, disfarce dourado.
Mudou-se o aço, mas não o fado,
Mudou-se o chicote mas ficou o pecado.
Dizem que a África é pobre e sem brilho,
Mas é daqui que levam o milho,
O ouro, o gás e até o trilho,
E ainda nos chamam de povo em exílio.
O europeu vem cá, planta empresas, colhe lucro,
E o africano trabalha nu, sem escudo e sem truco.
Assina contrato com medo e sufoco,
E chama “emprego” o que é apenas sufoco.
O africano que vai — vai cego de fé,
De terno gasto, de fome e de pé.
Na Europa é doutor, mas lavra café,
E ri nas fotos pra esconder o “porquê”.
Lá varre ruas com frio e saudade,
Aqui deixou mãe, deixou a verdade.
Sonha com casa, mas dorme não à vontade,
Num quarto partilhado de falsa liberdade.
E os que vêm: "— ah, esses sim têm sorte!"
Pisam o chão e ganham um norte.
Compram a terra, controlam o porte,
E nós, donos da vida, vivemos de morte.
Ainda somos escravos, meu povo ferido,
Vendemos futuro, compramos olvido.
Chamamos de sonho o que é suicídio,
E esquecemos que o ouro mora no ouvido.
A verdadeira riqueza está aqui,
Nos rios que cantam, na terra de si.
Mas o branco vem, leva e ri,
E o negro aplaude, dizendo “assim vi”.
Ah, Moçambique meu, África minha,
Terra que sangra e ainda caminha.
Um dia o sol há-de nascer na linha,
E ser livre já não será ladainha.
(Por Gefessone Duarte)
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Autor:
Gefessone Duarte (
Offline) - Publicado: 28 de outubro de 2025 06:06
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi poema pois vi-me numa reflexão profunda sobre a igualdade no mundo. Pra mim não é só um poema, é um clamor e um chamado aos meus irmãos para que estejamos juntos e contruamos a nossa dignidade como Africanos.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 4

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