O Boi de Mamão.

Roberto

No compasso da ilha, onde o mar beija a areia, Nasce um folguedo que a alma incendeia. Com traços açorianos, em cores e som, Vem o Boi de Mamão, na dança, sem dom.

De pano e de chifres, de rosto inventado, O boi entra em cena, malhado, assustado. Mateus, o vaqueiro, com a guia na mão, Conduz a folia, mistério e canção.

A Bernunça voraz, com sua bocarra, Balança no passo, a dentada que agarra. Engole a molecada em um bote ligeiro, Renasce a risada no povo festeiro.

Lá vem a Maricota, rodando o quadril, Com seus braços longos, num charme sutil. E a Cabrinha salta, em passos de pular, A bicharada toda a festejar.

O drama se arma, no centro da roda: O boi está doente, a vida se escoa. O Doutor e a Morte, numa trágica lida, E o Vaqueiro aflito, por ter sua vida.

Mas o benzimento, em versos e rezas, A cura se espalha, espantando as incertezas. O boi se levanta, com novo vigor, E a festa explode em alegria e louvor.

Pandeiro e viola, um ritmo ligeiro, Alegra o salão, do chão ao cruzeiro. De casa em casa, a alegria se dá, Onde a tradição nunca pode findar.

É o ciclo da vida, do findar ao refazer, O brilho do povo no seu saber-fazer. Viva o Boi de Mamão, nossa linda arte, Que em Santa Catarina é eterna parte!

  • Autor: Roberto (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de outubro de 2025 17:12
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 9


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.