Desapegar não é perder

Jonas Teixeira Nery

Uma vida simples tem um significado diferente e um valor diferente para cada pessoa. Para alguns é fundamental eliminar tudo, menos o essencial, trocar o caos pela paz, gastando-se o tempo fazendo o que é importante para cada indivíduo. Para simplificar a nossa vida é necessário saber onde estão as prioridades de cada um.

Simplicidade significa nos livrarmos de muitas coisas que fazemos, para se ter tempo naquilo que cada um considera importante, como por exemplo dedicar-se a meditar, refletir ou mesmo dedicar-se a algum amor... Significa se livrar da desordem e que se fique apenas com aquilo que é realmente valoroso par cada um. Chegar à simplicidade é um processo simples! É uma jornada, não um destino. Muitas vezes pode ser uma jornada claudicante entre alguns passos que avançam e outros que retrocedem.

Buscar uma vida mais leve, com mais consciência e mais intencionalidade é um estilo de vida que nos ajuda a economizar, a viver melhor, a viver uma vida mais leve. O minimalismo é a maneira de viver que nos faz refletir sempre sobre o consumismo, sobre a gastança desenfreada dos nossos parcos recursos, desperdiçados continuamente, pela necessidade do consumo desenfreado para ser feliz...

Pode-se ter pouco por necessidade ou pouco por escolha. Menos não significa carência. A mágica é transformar o que já se tem em abundância silenciosa. É sempre ampliar a visão e entender que não necessitamos estar permanentemente consumindo e ainda continuar infeliz. Não se trata de restringir, mas tornar-se consciente. Também devemos estabelecer zonas de silêncios, definindo horários em que nossas casas fiquem completamente em silêncio, sem músicas, sem televisão, sem conversas. Essa é uma das formas de evitar o estresse visual, promovendo a tranquilidade. Dessa maneira se descobre que o silêncio não é vazio, assim evita-se a poluição da mente com ruídos constantes.

Criar um ritual matinal é outra prática saudável, que nos ajuda a buscar uma relação com nosso mundo sem a expectativa criada pelos meios de comunicação que nos impinge desenfreadamente a ideia de consumo e felicidade.  Uma vida simples, que pode começar por espreguiçar-se, tomar um chá em silêncio, observar a luz que entra pela janela ou simplesmente respirar pausadamente. O conceito segue uma estética de simplicidade e valores conectados a natureza que se revelam somente quando conseguimos desapegar, mesmo que aos poucos dos valores distorcidos, que o mundo acelerado, consumista e competitivo nos impõe. Ao se começar o dia conectado consigo mesmo, tudo que vem depois flui com mais leveza. 

Abandonar essa ideia de preenchimento de todos os espaços é importante. Praticar o poder do espaço vazio é uma vitória. É o espaço vazio que dá significado do que está cheio. Ao criar momentos de contemplação, ocupamos os espaços vazios, revelando-nos belezas que estavam ocultas. Isso requer prática.

Encontrar beleza no ordinário. A beleza não está ausente da nossa vida. Excessos de coisas pode estar roubando a nossa energia, nosso foco e até a nossa felicidade. Pequenas escolhas de desapego podem transformar completamente a nossa vida. Enchemos nossas casas de coisas que não tem mais sentido. Guardamos roupas que não mais usamos, lembranças que perderam o valor, papéis que nãos servem para nada... Esse excesso vai criando uma sensação de peso, não só físico, mas também mental. Ficamos cercado por uma bagunça invisível que tira nossa energia e nosso foco. Muito de nós acreditamos que necessitamos de mais para sermos felizes. Mais roupas, mais livros, mais móveis, mais lembranças acumuladas. A verdade é que, em muitos casos, precisamos é de menos.

Devemos estabelecer um toque de recolher e despertar em uma casa que respira. Todo objeto que se usa deve voltar ao seu lugar, antes de se ir dormir, cada coisas deve ter um lugar específico e deve ser guardada nesse lugar após o uso. Não se trata de obsessão por ordem. Trata-se de respeitar seu espaço. Quando se acorda em uma casa arrumada, começa-se o dia com a mente mais clara. O estado da nossa casa é o estado da nossa mente materializada. Há aí uma sensação de plenitude.

            O minimalismo não é sobre viver sem nada, mas sim sobreviver com o que realmente importa e quando entendemos isso, a sensação e liberdade é quase imediata. O que necessitamos é fazer escolhas simples de desapego. Muitas vezes guardamos coisa pensando que algum dia poderemos precisar delas, outras vezes por que nos lembra de alguém ou de um momento da vida, mas a verdade é que se aquilo ficou esquecido por meses ou anos, talvez já não tenha mais espaço no presente. Desapegar não é perder, mas abrir espaço para o novo. É como se estivéssemos liberando não apenas a casa, mas também a mente. Há estudos que mostram que o ambiente em que vivemos, influencia diretamente nosso bem estar emocional.

            Há estudos mostrando que o excesso de estímulos visuais, como a bagunça em um ambiente, compete pela nossa atenção e reduz nossa capacidade de concentração, ou seja, quanto mais bagunça, menos clareza. Quanto menos bagunça, mais foco e paz...     

  • Autor: JTNery (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de outubro de 2025 10:16
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 4
Comentários +

Comentários2

  • Wesley Cordeiro

    Excelente!!! E como dizia Sócrates " O segredo da felicidade,você vê,não está em ter mais e sim da capacidade de desfrutar de menos". E atualmente somos bombardeados por muitos estímulos, vício em celular,redes sociais... e todo esse excesso nos deixam insastifeitos com a vida

  • Jonas Teixeira Nery

    OI, boa tarde.
    É isso mesmo. O mais trágico é que as pessoas não param para refletir.
    Um abraço



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