De saída

Ninguém espera nada de quem não faz 
Longo e árduo é o caminho da salvação 
Não há bem que dure, nem mal que perdure 
Foi o que meu pai me disse, quando eu era criança 

E eu não esperei por ele, não esperei pela minha mãe 
Nem pela minha irmã, nem pelos meus amigos 
Eu saí da minha casa, sem ter certeza que voltaria 
O dia mais cruel é aquele que você vira as costas para o que ama 

As lágrimas que foram despojadas no escuro
A fraqueza que eu sempre julguei de mim mesmo
Para não apodrecer em uma cadeira de rodas 
Forjando toda a dor no aço, para que ficasse gravado em mim

Não há sol para aqueles que trabalham 
Não há chuva para aqueles que já tem 
E a única certeza é da morte que vai bater na sua porta 
E desde minha infância eu já engolia a realidade 

Uma bala, uma trincheira, uma prisão, um relógio, um trovão, uma granada 
Muda muita coisa, e o seu sangue derramado, ainda vai mudar outras tantas 
De alguém que apenas seguiu em frente...