Autonegligência

Minha mente consegue

Andar, progredir e levitar 

Enquanto meu corpo permanece

Estático, lentificado, afundando

Ela tenta puxá-lo para fora

De sua posição e condição

Mas ele está preso por pensamentos 

Que o arranham constantemente

Por fatos passados que o arrastam

Para o tempo pretérito por meio de

Arrependimentos

E pelo sentimento de sufocamento 

Do iminente futuro

Tais preocupações se multiplicam e se

Alimentam, criando mais motivos para

Penderem meu corpo, a ponto de deixá-lo

Em um rude cativeiro, privando-o

Do deleite da vida, do tempo presente

Da esperança e da oportunidade de existir

Uma privação constante

A ponto de converter

Um corpo que existe

Para um que existiu 

Não sobrando mais

Perspectiva de

Continuidade