Me perco entre contradições,
Dualidades e ecos de mim.
Eles se dividem, respiram
Entre palavras da alma:
Não se rendem à linguagem.
Não se assustam , recuam
Não se curvam à forma.
O sensível toque me acordou
E rugiu como um leão
O suave brilho me cegou,
E me fez renascer.
Tudo se acendeu, a vida se fez.
E ali percebi o quão frágil
E belo é poder existir.
É estar na linha do trem:
Entre o perder e o ganhar,
Entre decidir ir ou ficar,
Entre sentir ou pensar,
Buscar seu próprio caminho
E ainda não poder caminhar,
Mas ter esperança.
Raras são as vezes que acordamos
Que vemos a luz queimar,
E incendiar cada célula do corpo
Cada ruga, marca, cicatriz
Ela consome tudo o que foi
E ainda será,
Como se nunca pudera ser.
Divino é quebrar a quarta parede,
Entender o que está acima da lei,
Aquilo que se entende apesar de tudo,
Está além do que se toca,
Apesar da performance,
Da moral,
Apesar da vida.
É entender o mundo pela alma,
Sentir cada devaneio como sonho,
Cada passo como coragem,
Um sorriso por uma lágrima,
É aprender, mesmo sem saber.
Sentir que estar vivo é uma dádiva,
Pois se pode sentir.
É desta forma que amo você,
Não cabe nas palavras, nem gestos.
Transcende em si mesmo, como arte.
E se perde na própria tradução.
É o que me faz se render ao que não sou,
Para minha melhor versão.
Para o que sou.
Te amar me faz ter uma razão,
Mesmo que a razão não se aplique.
Faz com que tenha coragem de lutar,
Mesmo temendo a dor da luta.
Me faz baixar a guarda e entregar
Cada parte minha que sente
A sentir você.
O amor é a busca infinita pelo sentido
Ainda que não faça sentido algum.
E tudo que nos toca, tocamos.
Nem tudo que tocamos, nos toca.
É uma rendição ao que nos faz inteiro
Ainda que partes de nós se percam.
E sempre se encontram.
Mais que sentir o corpo, é marcar o tempo
É cravar em suas linhas o cheiro,
O arrepio, o formigar dos dedos,
O grito surdo das batidas do coração
E perpetuar na eternidade
Tudo que marcou a alma.
Amar você me fez entender que aceito
Aceito a dor da saudade,
O terror da perda,
O clamor de sua presença,
A tristeza da despedida
E ainda assim, valeria a pena.
Eu aceitaria te amar por mil vidas.
Porque não importa o que aconteça,
Eu ainda preciso respirar pra viver
Ainda que sem pensar.
E enquanto respirar,
Minha alma respirará
Sua presença espalhada ao ar
Toda vez que eu respirar.
Você é a ponte que me faz acordar de mim
E despertar para o que eu sou
Eu transcendo a vida, ao tocar seus olhos,
Rendo tudo que há em mim
Para sentir tudo que há em você
E o sofrimento é um preço pequeno
Porque o ganho é te amar.
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Autor:
A.M.B (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 16 de outubro de 2025 18:58
- Comentário do autor sobre o poema: Estou tentando quebrar as regras um pouco e traduzir um pouco do que sinto em poesia moderna. Traduz melhor meus sentimentos. Eu estou entrando em profunda sintonia com Rilke e a filosofia existencialista... eu tenho uma inclinação absurda com essa forma de expressão. Espero que esta ode a existência e ao amor façam vocês refletirem e sentirem pelo menos um pouco daquilo que eu sinto.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 1
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