Depois do trabalho, meus ombros pesavam.
Havia uma dor que nascia no pescoço, descia pela escápula e encontrava abrigo nas articulações dos meus dedos... como se o corpo inteiro gritasse por descanso.
Cheguei em casa e pensei na faxina, no chão por limpar, nas coisas fora do lugar.
Mas também pensei: isso precisa ser leve.
É o meu lar, é onde respiro, e quero que esse movimento de arrumar o mundo ao meu redor seja também o de me ajeitar por dentro.
Como fazer isso com tanta tensão?
Sentei ao lado do aquecedor.
Acendi um cigarro.
E, quase sem perceber, abri os Reels do Instagram.
A primeira coisa que fiz foi tentar fugir de mim.
Foi aí que me perguntei: é assim mesmo que quero me acolher? É isso que meu corpo precisa agora?
Larguei o celular.
Fiquei ali... quinze minutos de silêncio, fumaça e respiração.
Acendi outro cigarro.
Coloquei uma música calma, dessas que aquecem o coração e fazem pensar sobre o tempo, a vida, o amor.
A tensão começou a derreter.
Minha respiração se abriu de novo.
Meu corpo repousou dentro de mim.
Meu coração desacelerou.
Poderia ter escolhido qualquer distração: rolar a tela, fingir leveza.
Mas escolhi me ouvir.
Escolhi ficar comigo... com meus ombros cansados, com o peso do dia, com a necessidade simples de pausa.
E foi nessa pausa que me encontrei.
Agora, enquanto escrevo, percebo: me tranquilizei.
Sinto a respiração presente, sinto o corpo inteiro vivo, sinto que estou aqui.
E com essa calma, posso voltar às coisas pequenas da casa, dobrar um pano, varrer o chão, acender uma vela... tudo com outro ritmo.
É o famoso desacelerar no meio do acelera da vida.
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Autor:
Thami (
Offline)
- Publicado: 9 de outubro de 2025 16:56
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
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