Eterno, Mesmo Que Acabe

Maicon Rigon

Sentado diante do papel em branco,
procuro — entre palavras que tropeçam —
um jeito humano de dizer o indizível.
Sem técnica, sem gramática,
só o instinto bruto de quem ama demais.

E o que me vem são imagens tuas —
instantâneos de um filme real,
projetado na parede da minha alma.
Teu rosto, teu corpo, tua essência:
as três casas onde moro
e das quais jamais quero sair.

Eu, que sempre fui caseiro,
quero teu peito por abrigo,
teu silêncio por endereço,
tua pele por eternidade.
Sair daí seria morrer em vida.

Escrevo pra ver se alguém entende
que o que sinto por ti
não cabe em idioma algum.
É amor em estado bruto,
sangue que não seca,
vida que não se apaga.

Cada poro do meu corpo grita teu nome.
Cada centímetro da minha pele.
é solo sagrado pela tua passagem.
Mesmo daqui a mil anos,
quando outra carne vestir o que restar de mim,
ainda haverá um lampejo — teu olhar.

E se houver recomeço,
que Deus seja cúmplice
e nos coloque frente a frente outra vez.
Apenas um segundo bastará
pra que eu te reconheça —
porque amor assim não se esquece,
ele se repete.

Meu amor por ti não é daqui.
Não tem rosto, nem carne,
nem começo, nem fim.
É o que sobra quando tudo termina,
é o que resta quando nada mais existe.

E se o tempo tentar apagar,
que apague tudo — menos isso:
te amar é a única coisa que sobrevive ao fim.

  • Autor: Maicon Rigon (Offline Offline)
  • Publicado: 7 de outubro de 2025 15:13
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 3


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