A lua ilumina a noite,
enquanto a casa dorme.
Derramo vinho em uma taça
e a acomodo em minhas mãos.
Somos apenas eu, ela e o silêncio.
Fecho os olhos.
Respiro fundo.
Sorrio.
Até que o silêncio grita
e me puxa de volta à realidade.
Por que estou aqui,
no sofá,
sozinha,
na madrugada alta,
com uma taça de vinho repousando entre os dedos?
Solto o ar,
o peso,
a raiva,
a mágoa.
Respiro novamente,
mas desta vez o ar entra com dificuldade.
Tudo vai ficando mais pesado,
inclusive existir.
Fecho e abro os olhos, tentando afastar todos os pensamentos,
mas já é tarde.
O silêncio já me lembrou.
Absorvo os sentimentos na forma de vinho,
e transbordo em lágrimas.
Boa para muitas coisas,
mas nunca suficiente para ficar,
para querer estar.
Me viro e reviro no sofá.
Vejo o sol despontar no horizonte.
Ensaio meu melhor sorriso.
Esfrego os olhos.
Respiro.
Mais um dia a encenar.
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Autor:
biancalessa_ (
Offline)
- Publicado: 27 de setembro de 2025 00:24
- Comentário do autor sobre o poema: Uma prosa poética sobre o peso do sentir e o acalento do fingir
- Categoria: Triste
- Visualizações: 2
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