Batidas na porta vazia
É o Tempo
Trazendo o silêncio do que não vivi
Me sento, cansado, procuro argumento
Mas o Tempo sorri, sabendo
Que não fui rápido,
Nem fui lento
Apenas fui, e você partiu
No canto da sala, um perfume esquecido
É o Amor
Me pergunta baixinho por que ficou tão pouco
E eu, sem resposta, desfaço um sorriso
O Amor ri do meu jeito perdido
Diz que dei demais,
Ou de menos,
E não soube segurar
O que era tão frágil
Ouço teus passos se afastando
Entre a pressa do Tempo
E a falta do Amor
Ela disse: “Faltou tempo, faltou amor”
E eu fiquei, sem saber
Se o Tempo é que não quis esperar
Ou se o Amor cansou de tentar
E gira em volta de mim
O eco do que não foi
O Tempo apaga os caminhos
O Amor se esconde entre as sombras
Respondo ao Tempo:
“Você levou rápido demais”
Digo ao Amor:
“Você partiu cedo demais”
E os dois se vão,
Deixando lembranças no peito
O Tempo, com sua pressa de fim
O Amor, com seu medo do início
E eu, perdido entre desejos,
Aprendo que eternidade
É só o instante
Em que ainda espero
No fundo, Amor e Tempo,
Vocês se desencontram em mim
E eu, sombra de tudo que era
Ainda guardo no peito
O que vocês, juntos,
Não souberam ser
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 25 de setembro de 2025 12:11
- Comentário do autor sobre o poema: Às vezes penso que o Amor é como aquele passarinho que insiste em visitar a mesma janela toda manhã — ele não bate à porta, apenas aparece. Foi mais ou menos assim que nasceu o poema: eu estava quieto, meio distraído com as miudezas do dia, e o Amor, sem fazer alarde, puxou uma cadeira e sentou no meio do meu coração. Começamos a conversar e... bom, o resto virou verso. Talvez ele tenha se escondido em alguma lembrança antiga, ou no perfume de uma saudade que resolveu ficar — vai saber. Só sei que escrevi como quem sussurra pra não assustar o sentimento. E você? Já teve um momento assim, em que o Amor chegou devagar e ficou? Se quiser, conta nos comentários. Prometo ler com o mesmo carinho com que escrevi.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, elfrans silva
Comentários1
Muito bonito este poema, Sezar Kosta!
O tempo rende coisas lindas e você sobre aproveita-lo.
Abraços
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