A DOR INCURÁVEL (SPELL DUETOS)

Spell mesclados

O AMOR QUANDO FERE
 
O amor, quando fere,
não grita — ele sussurra com a voz de quem fica.
É a ausência sentando ao lado,
fazendo barulho demais no silêncio da casa.
É aquele cheiro que insiste no travesseiro,
mesmo depois do sabonete novo.
 
É lembrar o toque e sentir falta do que doeu,
porque, de algum jeito torto, aquilo era viver.
O amor, quando fere, não mata de uma vez —
ele vai tirando o ar em parcelas,
como se fosse justo continuar andando
com o coração puxando a perna.
 
E a gente finge que esqueceu,
diz que superou com a boca cheia de outras bocas,
mas no fundo carrega no peito
um nome que ninguém deveria saber.
Porque o amor, quando fere,
não deixa cicatriz —
ele vira parte do corpo,
feito costela: a gente esquece que dói,
até bater de novo.
          (Melancolia)

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DOR EMOCIONAL 
 
DORES possuem sinais, ora sensoriais
Ora são dores só emocionais..
Enfim, tudo são dores sentimentais
Que nos trazem lembranças boas e  ‘ais’
 
Quisera eu  ter o poder nas palavras
E pronunciar coisas bem agradáveis
Se o assunto fosse envolvendo amores
Sem mencionar dores desagradáveis 
 
Por que reumatismo é dor aceitável
Embora, doença quase incurável 
Afeta todo aparelho Locomotor
 
Mas, á que sinto é bem emblemática
Tão complicado quanto a matemática
Ao dividires (÷2) pra dois, o teu amor
        (elfrans silva)
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“CONVERSA COM A DOR”
 
— És tu de novo, Dor?
Não te cansas de mim?
Já te dei noites, páginas,
lágrimas escondidas no banho,
dias em que nem o espelho me reconhecia.
— Vim porque fui chamada,
sussurra a Dor.
Não por palavras,
mas por cada silêncio teu.
— Mas eu não te pedi.
Já não te quero.
Achei que com o tempo…
— Com o tempo, aprendi teu nome.
Com o tempo, virei casa.
Sou aquela ausência que ficou cheia de ti.
— Por que voltas justo agora,
quando eu comecei a respirar sem gemer?
— Porque amar dói em parcelas.
E você só pagou a primeira.
— Então é isso?
Não há cura?
O amor é doença crônica,
e tu, o sintoma que não cessa?
— Não sou doença.
Sou a cicatriz viva do que foi inteiro.
O que te dói,
é o que um dia fez sentido demais.
— Mas não quero mais lembrar.
O cheiro, o toque,
a voz sussurrando no escuro —
cada memória é um tropeço.
— E mesmo assim,
você pisa nelas todos os dias.
A dor que dói é tua forma de manter
o que já se foi —
presente.
— E se eu amar de novo?
Se eu reinventar meu peito,
abrir janelas e deixar o sol tocar
o que restou de mim?
— Amar de novo é repetir a febre,
mas com fé de que o remédio virá.
Mesmo que eu volte — e voltarei —
cada dor nova traz em si
uma esperança antiga.
— Então és castigo?
— Não.
Sou lembrança.
Sou a prova de que você sentiu.
De que, por um instante,
viveu mais do que podia suportar.
— Mas por que não vais embora?
— Porque eu sou tua costela.
E a saudade —
ela só dói quando encosta em mim.
           (Sezar Kosta)

 

Comentários +

Comentários2

  • Melancolia...

    Fico muito tocado pelo que conseguimos construir juntos, Elfrans. Acho que conseguimos traduzir bem essa sensação de uma dor que não se cura, algo que parece durar para sempre, como uma ferida que se recusa a cicatrizar. Nossos versos entrelaçados deram forma a uma ausência que vai além do físico, mas é uma presença constante na vida da gente. E, de certa forma, mesmo no meio de toda essa dor, eu acho que conseguimos criar algo bonito, como uma pequena luz que resiste na escuridão. O fato de estarmos dividindo esses sentimentos de uma maneira tão sincera e intensa só fortalece ainda mais o que fizemos. A parceria que temos é algo realmente especial. Obrigado por todo esse processo, cara."

  • Spell mesclados

    Que momento esse! Reunidos em um projeto onde cada um :

    " refaz a massa, o prumo repassa
    Dá corpo ao poema, faz uso da 'pena'
    Pensa ao fim qual o colorido
    Que dará à obra, quando concluido
    O melhor visual, mesmo Dilema

    Grato também estou por suas maravilhosas cooperações, Melancolia e Sezar kosta. Vcs, humildes e Fantásticos






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