Mais um número no contrato jamais lido.
Não comemoro o trilho do destino.
Será minha vida um mobiliário elegante,
ocultando a parede despida do ato?
                                               [Concedida ou amaldiçoada arte]
O escalpelo da mente... refúgio e cela.
Erro, observo o erro. 
Acerto, e observo o percurso feito... 
Os rastros, os desvios necessários,
a massa do desejo que impulsionou cada passo até esta chegada.
Choro e analiso a lágrima.
                                             [é real?]
E tem o raro alívio de apenas sentir.
Estado primitivo entre crises de consciência.
Verdade muda e paralisada, apenas vivida.
Mas volta a lucidez. E com ela, a transição da vida biológica...
Única certeza, fundamento oculto.
É ela que empresta urgência e futilidade
A estes instantes que preenchem o tempo.
Neste dia que marca mais uma volta completa ao sol,
não peço felicidade, adorno de latão reluzente.
Peço a arte de perder-me no labirinto,
De rasgar a própria pele e, na ferida, encontrar um novo tecido.
Pois nesta autópsia em vida, saber-me morta um dia,
reside minha forma mais trágica de sempre querer e feliz por estar viva.
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                        Autor:    
     
	Anna Gonçalves (Pseudónimo (
 Offline) - Publicado: 15 de setembro de 2025 14:25
 - Categoria: Não classificado
 - Visualizações: 10
 - Usuários favoritos deste poema: JT.
 

 Offline)
			
Comentários1
Feliz por estar viva.
Nossa, até que o nevoeiro clareou.
Você quando viaja nas letras vai fundo, parabéns.
Ficar bem.
JT
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