Chato, por querer ser chato.

Eu sou chato
me repito como um ponteiro quebrado:
eu sou chato,
por querer ser chato.

ruídos pequenos me ferem.
um copo que bate, um sorriso deslocado.
tudo me incomoda, e eu travo,
não o corpo, a alma congela.

afasto-me como quem fecha a porta,
faço a vida passar do lado de fora,
finjo que não ouvi o que devia sentir.
é porque carregar isso dói demais.

quando algo sai da linha eu penso em ir embora,
não de assuntos, de pessoas.
desisto fácil, deixo um rastro de “tudo bem”
onde havia verdade.

quero outro mapa:
ser feliz, e levar quem estiver comigo.
mas o ponteiro insiste:
eu sou chato,
por querer ser chato.