Vomitar palavras
até que se tornem algo —
um artesanato de sentidos
à beira da loucura ou da demência.
Há tanto a dizer
em infinitas combinações possíveis.
Imagine
enfileirar letras capazes de destruir
ou reconstruir alguém,
como quem maneja delicadamente um bisturi ou um pincel.
Afinal, o que importa mais?
O emissor ou o receptor?
Um poema de Machado,
Pessoa ou Clarice,
lido por alguém sem sensibilidade
é como lançar uma semente em chão árido:
não brota, não floresce,
mas guarda potencial em silêncio.
Enfim, continuo amando as palavras
mais do que tudo.
Elas me aliviam do peso da vida
e da sombra da morte.
E quando sou receptor,
leio poemas como quem se alimenta
e guarda mantimentos numa dispensa
para o resto da vida —
provisões de eternidade
para dias de fome interior.
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Autor:
Maicon Rigon (
Offline)
- Publicado: 14 de setembro de 2025 04:53
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 13
Comentários1
..."Enfim, continuo amando as palavras"...
Um deleite de poema !
Parabéns!
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