Felicidade Plúmbea

Dydimo Rezende

Quantas palavras de alegria,

Quantas palavras de felicidade,

Quantas palavras de idoneidade,

Quantas palavras de alergia...

 

Positividade para mim,

Positividade para ti,

Positividade para nós,

Poisonous positivity...

 

Para todos os lados,

Palavras de apoio,

Solilóquio de felicidade,

Só olho para o oposto... enojo... enjoo!

 

Por que não amargurar no passado?

Por que não temer o futuro?

Por que não revisitar o amor perdido?

Por que tantos salva-vidas no mar da vida?

 

As pessoas são sempre tão meigas,

As pessoas são sempre afetuosas,

As pessoas carregam um fardo

Tão pesado e cheio de felicidade plúmbea.

 

E que role o feed, 

Alimentando pombos

Com bolinhas de isopor.

- Feed them all!

 

Saímos torturados de tanta consolação,

Há quem prefira as carpideiras,

Ou simplesmente um requiem

Que embale tanta positividade tóxica

Nos olhos, nas palavras e nas letras

De pessoas tão fracas.

 

Que cada um carregue o que puder

Da vida com todo o sabor,

Qual um café sem açúcar,

Amargoso como deve ser

A vida.

  • Autor: Dydimo Rezende (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de setembro de 2025 00:09
  • Comentário do autor sobre o poema: Frequentando grupos de FB e vivenciando tantas falsas frases positivas, me ocorreu esse poema. Nem todo consolo é cura. Nem toda alegria é verdade. Este poema é para quem já se enjoou da positividade tóxica. Felicidade Plúmbea é um manifesto requiem para o feed.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 3


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