Poesia não se explica, poesia se sente.
E o meu silêncio, herdeiro desse fato,
faz de ti um poema perfeito:
linhas, curvas e traços invisíveis,
que não cabem no alcance dos olhos.
Assim como a poesia escrita,
assim como os mais belos textos da humanidade,
deves ser lida com a alma,
decifrada em tuas entrelinhas,
nos enigmas sutis do teu existir.
És verso sem ponto final,
és página que nunca se fecha.
Já duvidei de mim,
se era ou não um poeta.
Hoje, graças a ti, sei que sou:
não pelo som rouco da velha máquina de escrever,
mas por decifrar as estrofes que o vento leva
em cada sorriso que me ofereces sem perceber.
Sou poeta porque és a carne da beleza,
o reflexo de tudo o que não pode ser inventado.
E eu não poderia ser outra coisa,
pois em teu olhar os versos já nasceram prontos.
Só precisei reconhecê-los,
senti-los como quem tateia um sonho,
e rabiscá-los em papéis famintos de eternidade.
Sou poeta, mas nada criei.
Apenas empresto palavras ao que sempre existiu,
apenas procuro sinônimos para os antônimos das minhas dores.
E compreendo, por fim:
mais do que ler ou escrever poesia,
o que verdadeiramente me consome
é estar cativo dentro de uma —
a tua poesia.
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Autor:
Maicon Rigon (
Offline)
- Publicado: 9 de setembro de 2025 12:15
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
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