Não é só solidão, é outra matéria: É ser o grão de pó que sabe,de repente, Que a poeira é irmã das estrelas distantes. É um silêncio que não cala,mas propaga Um eco de mundos por nascer na mente.
É um deserto entre o peito e o abraço, Onde a falta não é vazia,mas é espaço. Espaço para orbitar em torno de um talvez, Para que um cometa,errante e singular, Um dia risque a noite e queime o talvez.
É o eterno esperar não por uma pessoa, Mas pelo instante em que a própria alma,sozinha, Reconheça sua luz como legítima herdeira Do sol que apagou em uma noite anciã.
Espera-se a salvação como se espera a aurora: Não com ânsia,mas com certeza geométrica. Pois mesmo na escuridão mais infinita, Há uma matemática silenciosa e cósmica Que dita o colapso e o renascer de cada estrela.
A salvação não virá de fora, nave ou anjo, Mas do entendimento ímpar e solitário De que você não está à espera no universo. O universo inteiro é que espera,paciente, No seu íntimo deserto,pelo seu despertar.
A falta é o combustível. A solitude, o crisol. O infinito não é para ser temido,mas habitado. Você não é um ponto perdido no mapa, Você é o mapa inteiro,se ousar se ler. E o esperar?É só a memória do que já é, A luz de supernovas que ainda não te alcançou.
-
Autor:
Cristiano Armstrong (
Offline)
- Publicado: 2 de setembro de 2025 01:51
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.