Marçal de Oliveira Huoya

Pureza

Nem
Tira os sapatos
Para pisar na areia
Em noites de lua cheia
Se benze em mil pais nossos
E ave marias
Interpreta o belo
Como heresia
Escova os dentes
A cada beijo
E cospe na pia
Se entrega ao seu marido
Envergonhada
Em sentir desejo
Gritar é artigo proibido
Tem que amar
Sem nenhum gemido
O que ele vai pensar
É a puta do vilarejo
Vê na frente sua consciência
Censurar festejo
Sua mãe a lhe pregar decência
Ai vem o fim dos tempos
O dia final do julgamento
A vinda de todos os satãs
Evas impuras

Que morderam a maçã
Sacode a alma com cuidado
Tudo aqui é sujeira
Se limpa de toda maneira
Todo vestígio de pecado
Enquanto a vida
Desfila na janela
A solidão lhe atropela
A sombra da vida passa
E foge ligeira...

  • Autor: Vênus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de Agosto de 2020 20:14
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 5
  • Usuário favorito deste poema: Adrian Nilo.


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