Ai de mim, que me oculto sob o manto do pudor, quando em meu peito arde a chama profana;
minhas mãos tremem ao imaginar teu corpo, mas retraem-se como covardes monges diante do altar.
Que miséria é viver assim, a carne clamando por ti, e eu, penitente, acorrentado pela moral de ferro,
quando dentro de mim um animal se ergue, uivando pela posse de tua nudez sagrada.
Se eu pudesse, despiria de ti até a última sombra, arrancando do teu corpo o véu da decência;
contemplaria teus seios como taças de vinho forte, teus quadris como trono de luxúria;
beijaria teu ventre até a vertigem, sorvendo tua umidade como quem bebe o cálice da perdição,
e em tua pele encontraria não apenas prazer, mas a escritura carnal que condena e redime.
Ó maldição bendita! Eu te teria em meus braços como senhor de uma oferenda viva,
te abriria como quem rasga um livro proibido, e entre teus gemidos escreveria meu império.
Tomaria teus cabelos como rédeas, tua garganta como selo, teu sexo como altar de obediência;
e em cada investida plantaria meu domínio, até que tua alma se confundisse com meu gozo.
E quando teu corpo arqueasse em desespero, quando o teu grito ecoasse como oração invertida,
eu saberia que não há céu nem inferno que me salve desta heresia doce.
Pois se me fosse dado, faria de ti a chama e o sacramento, o suplício e o êxtase,
e depois, caído sobre teu peito, choraria não de arrependimento, mas de fome insaciável.
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Autor:
Versos Discretos (
Offline)
- Publicado: 23 de agosto de 2025 18:00
- Categoria: Erótico
- Visualizações: 7
- Usuários favoritos deste poema: MAYK52, Aira Lirien
Comentários1
Belo e sensual poema!
Gostei bastante, caro poeta.
Abraço!
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