Não é um homem do subsolo...
Uma casa alugada pela tela que te refrata.
Há um não-sei-quê no ar, um isso
que não é meu e nem seu, mas usa como máscara.
Será que quer acordar às 5:30?
Ou apenas persegue o fantasma de um sorriso limpo,
a clean girl que dança em um vídeo,
enquanto alguns no subterrânea, se alimenta de sua sombra?
Seus gostos... São seus?
Ou apenas um espelho comprado, desejos de segunda mão
que mastiga como um pão envenenado?
A liberdade, tornou-se um fardo tão pesado
que troca por um manual secreto,
por dez passos para uma vida equilibrada
que cabe na palma da minha mão, trincada.
A performance do equilíbrio...
A rotatividade frenética dos reels
que sempre diz você pode dar conta de tudo.
E eu, animal coagulado, tento.
Sorrio no final do dia
[um espasmo]
para a câmera que não desliga.
E que verdade há nesse instante?
O que resta sob a camada
de dicas, trends e corpos retos?
Perde-se no labirinto do outro,
na comparação que corrói o osso.
Não conhece a própria fome,
só a que foi vendida.
Não sabe seus gostos? Ou só o que persistiu em ficar passando, passando,
na tela hipnótica e vazia.
Será então apenas o que olha?
Um ser de aluguel, uma cópia pálida
de uma vida que não ousa
ter seus próprios vícios, suas próprias
e gloriosas imperfeições?
A tela apaga. No escuro, o espelho.
E o que de volta é um estranho
com seus olhos, fundos, assustados,
e finalmente, livres para não saber quem é.
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Autor:
Anna Gonçalves (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 20 de agosto de 2025 20:50
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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