Ganhar é, de certo modo, um processo que podemos controlar. É fruto do esforço disciplinado, do estudo paciente e da persistência que desafia o cansaço. Podemos planejar, nos preparar, estabelecer metas , passo a passo e aproximar-nos do resultado desejado. A vitória, embora nunca totalmente garantida, está no alcance de nossas mãos quando nos comprometemos com a jornada.
A perda, no entanto, pertence a outro reino. Não há preparação que nos imunize contra ela. Por mais que possamos prever riscos, o momento da perda é quase sempre abrupto, quebrando o fio das certezas que tecemos com tanto cuidado. E o aprendizado que dela vem não se adquire com livros ou treinamentos — é o tempo quem decide se, e quando, ele será concedido.
Alguns descobrem que perder é abrir espaço para o novo, um convite doloroso para reconstruir-se. Outros, porém, permanecem aprisionados àquilo que se foi, carregando o peso da ausência como se fosse parte inseparável de si mesmos. E talvez esse seja um dos dramas mais profundos da existência: enquanto ganhar exige que façamos algo, perder exige que aceitemos o que não podemos fazer.
No fundo, ganhar e perder são dois mestres diferentes. O primeiro nos ensina como conquistar o mundo; o segundo, como permanecer humanos diante de um mundo que não nos pertence. E, ironicamente, é este último que revela a medida mais verdadeira da nossa maturidade.
Arthur de Mello Noos
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Autor:
Arthur Mello Noos (
Offline)
- Publicado: 15 de agosto de 2025 18:57
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 6
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