Resolvi ir com o Tapado — um nome bem peculiar.
Ele nunca perguntou o meu nome; só me chama de Tampinha. Acho que é para combinar.
Fomos por um campo de flores. Havia algumas árvores e o céu estava bem azul, com nuvens espalhadas por toda parte.
E com zoom se enxerga as formas, e dá para se distrair durante a viagem.
Nas árvores, os pássaros cantavam. O Tapado fingia reger uma orquestra e acompanhava cantando, com uma letra inventada e voz totalmente desafinada.
Mas isso não o impedia de dar o seu melhor.
<span;>Ri muito; achei tudo tão engraçado.
Porque vocês não viram ele conversando com as flores:
— Olá, dona Margarida, conhece a senhora Tulipa?
— Percebeu que o Girassol anda calado? Acho que é de tanto girar... deve estar todo enrolado.
Eu só acompanhava, observando cada passo.
Quero sorrir assim, sem um bom motivo.
Quero deixar para trás a sensação de estar sempre atrasada.
Confesso que ainda estou com uma certa ansiedade. É que, onde eu morava, tudo era muito rápido. Ninguém conversava; parecia que não tinham liberdade.
Acho que ainda estou intoxicada.
Mas, aos poucos, as amarras vão se desfazendo.
Que bom que ele me viu olhando para o alto.
Veja bem: nele, tudo é de se estranhar.
As roupas coloridas o deixam engraçado: várias costuras percorrem o tecido, um terno todo emendado, com varias cores, algumas que nunca vi.
A calça, por exemplo, tem uma cor de cada lado — vermelho e amarelo. É por isso que ele diz que se veste de aquarela.
Usa uma cartola laranja, com uma flor branca no topo.
Para a moda, ele é um homem bem pavoroso.
O cabelo negro e arrepiado, mal penteado. Acho que já fez nó na cartola, por isso ela nunca vai embora
Os olhos parecem sempre distantes, mas sempre confiantes
Está o tempo todo nas nuvens.
Às vezes penso que, de tanto olhar para cima, a cabeça dele, já mora na lua.
Sonhando acordado.
O nariz é meio longo — às vezes quase fura meus olhos. Já aprendi a tomar cuidado.
O sorriso é constante, acolhedor.
Anda torto e corre encurvado.
Não quis perguntar nada sobre ele; parecia que aquilo já era o necessário.
Acho que, assim como eu, ele também estava atrás de escrever uma nova história.
Uma história com páginas recheadas de aventuras e, claro, com muitas loucuras.
E Tanta alegria que o coração vive lotado.
Desejo o seguir por onde quer que ele vá
Quero vê as coisas como o tapado
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Autor:
Cristão (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 15 de agosto de 2025 16:33
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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