O dandismo, cansado dos salões parisienses e cafés vienenses,
achou sua pátria no Brasil.
Aqui, onde o grotesco veste-se de elegância tropical,
floresce a polêmica inútil,
o gesto sem substância,
o perfume sem corpo.
Um dia, a imprensa disse:
a esposa de um jogador o deixara por ser… perfeito.
O país escandalizou-se,
bocas abertas diante do óbvio
descrito como transgressão.
O brasileiro nada entende de metafísica.
Se entendesse, não seria dândi.
Nem burro.
O que uma mulher quer de um homem perfeito?
Se ele já é perfeito, não precisa dela.
Logo, é meio fêmea,
meio viado.
A homem perfeito repele a mulher real.
É beijo no espelho:
frio,
autossuficiente,
sem posteridade.
Baudelaire sabia,
chamou a mulher de antítese do dândi.
Nietzsche sabia,
disse que o homem completo é inimigo do devir
e que, para tratar com uma mulher,
leve o chicote.
Mas aqui,
no trópico,
confundimos o homem perfeito com o santo
embora Kaká não seja nenhum dos dois
e ambos provoquem
repulsa no sexo oposto.
O resultado é este
uma nação inteira
discutindo um divórcio
como se fosse tragédia,
quando não passa
de teorema.
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Autor:
PsyDuck (
Offline)
- Publicado: 14 de agosto de 2025 16:00
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
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