Ninguém fala da sensação de escrever o primeiro poema
como se a voz do coração estivesse escondida,
na penumbra de um caderno em branco,
esperando o momento certo de emergir.
É um frio na barriga,
um balanço entre o medo e a esperança,
quando a caneta toca o papel,
e cada letra é um passo tímido,
um sussurro de alma,
um acorde que ecoa na solidão.
O mundo lá fora parece distante,
as horas se desfazem em sombras,
e o pensamento flutua,
como folhas no vento de outono,
enquanto palavras se alinham,
em busca de significado,
como estrelas que piscam no céu noturno.
Ninguém fala do cheiro da tinta,
do suaves toques que dançam pela página,
da luz que brilha nos olhos,
quando as frases se tornam liberdade,
e a certeza se transforma em emoção,
nascendo do profundo.
Cada verso é um segredo,
escondido entre as linhas,
um espelho que reflete
o que não se diz em voz alta,
a fragilidade e a força,
todo o peso de existir,
suspenso entre um ponto e outro.
Os medos se desvanecem,
cada rascunho é uma tentativa,
um grito mudo para o universo,
um convite ao sentir,
e na simplicidade de cada aliteração,
uma sinfonia se forma,
pois o que é poesia senão a vida?
E então, ao final da página,
surge a revelação,
como um bebê recém-nascido,
seu primeiro choro,
um uivo na noite silenciosa,
um desejo manifesto de ser ouvido,
de ser sentido,
de tocar o coração de quem lê.
Ninguém fala da sensação
de pôr para fora um pedaço do próprio ser,
um ato de coragem,
um salto no vazio,
mas na verdade,
é um abraço entre o autor e o desconhecido,
uma dança de luz e sombra,
o princípio de tudo
no instante em que a caneta
deixa sua marca no mundo.
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Autor:
Xilepfana xa Haramu (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 12 de agosto de 2025 08:15
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
- Usuários favoritos deste poema: Melancolia...
Comentários1
Gostei demais....
Obrigado....
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