Linhas de Pé no Chão

alexonrm

Queria poder estar só na estrada,  
Seguindo a sombra que a noite traz.  
Nos olhos, guardo a visão calada  
Do dia findo que nunca se desfaz.

Mais tarde, sigo outra direção;  
Trilhas partidas, destino cortado.  
Entre espinhos, guardo o coração,  
Sob parreiras, o verde fechado.

Senti o peso de uma verdade:  
Tão fraco de sonhos, tão sem querer.  
Desejos presos na tempestade,  
E nem sei mais como os refazer.

E este vazio me interroga em vão,  
Trilhas sombrias me levam embora.  
Celas insanas trancam a razão,  
E amanhã, brando, tudo ignora.

Respirei o fracasso sagrado,  
Desejo abusivo que não me solta.  
Na mente, o conflito ecoa calado,  
E a paz, tão pequena, já não me volta.

Só me estressei mais uma vez;  
Em risos loucos que não me cabem.  
Nem eles puderam mudar a tez  
Do rosto frio que sombras sabem.

Sinto o vento me levar sem direção,  
A luz distante quase se desfaz.  
Mesmo perdido, guardo a canção  
Que me mantém vivo, por um pouco mais.

As ruas frias me chamam pelo nome,  
Ecos antigos que não sei calar.  
Mesmo que o medo venha e consome,  
Ainda encontro força pra continuar.

O peso aperta, me falta ar,  
Sonhos perdidos, não sei buscar.  
Desejos presos, não vão voltar,  
E eu sem força pra recomeçar.

Vazio que grita dentro de mim,  
Caminhos frios sem ter um fim.  
Trancas e grades, prendem a razão,  
Mas sigo vivo, de pé no chão.

  • Autor: alexonrm (Offline Offline)
  • Publicado: 11 de agosto de 2025 21:35
  • Categoria: Carta
  • Visualizações: 4


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.