E as margens? Pergunta Bertolt

Raquel Ordones

Fala-se da mãe; porém ninguém ajuda a criar.

Fala-se do filho; ninguém sabe o seu motivo.

Fala-se do professor, ninguém se põe no lugar.

Fala-se do jovem; qual a razão do ser agressivo?

 

Fala-se da chuva, ninguém se propôs a plantar.

Fala-se da religião; não compartilha o ‘donativo’.

Fala-se do desacerto, não se lembrou de ensinar.

Fala-se do subterfúgio; porque mesmo era cativo?

 

Fala-se do gordo; sabe a causa? Só sabe apontar.

Fala-se do diminuto, no posto de aumentativo?

Fala-se da solidão; _tenho luz  e não vou clarear.

 

Fala-se da violência; o rio vive sempre a arrastar.

Fala-se da agressão da água quando se quer nadar.

E das margens que afligem não se tem o que falar?

 

Raquel Ordones #raqueleie

 

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Do rio que tudo arrasta se

diz que é violento

Mas ninguém diz violentas as

margens que o comprimem

 

--------------------- Bertolt Brecht.

 

  • Autor: Raquel Ordones (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 9 de agosto de 2025 20:43
  • Categoria: Surrealista
  • Visualizações: 3


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