Esquecimento

Guilherme Pereira

pessoas mortas,
pessoas esquecidas,
cousas vividas,
cousas esquecidas.

assim o foi,
num pensamento vão,
pessoas vivas,
porém esquecidas.

do que vale assim estar vivo,
se assim se está morto,
levemente, tão absorto,
do puro senso,
consumido e denegrido.

é urgente assim estar vivo,
viver, ignobilmente,
ou até, de certo espanto,
compassadamente,
calando assim certos passos
de vicissitude porquanto.

vivemos assim,
num engaço de inconstante dor,
mágoa, e até de um certo encanto.

vivemos assim, 
tenuemente entre os vivos e os mortos,
relembrando assim o esquecimento.

morremos assim,
em vida, numa certa e vacilante, ela,
angústia.

morremos assim,
em braços envoltos de culpa e instável sensação,
de uma lágrima-mor que nos embarga o esquecimento.

esquecemos assim,
as searas e as terras que outrora nos foram assim vividas.

esquecemos assim,
os vivos acima dos mortos - por vezes, cantando assim seus feitos.

esquecendo ou morrendo,
porquanto vivendo,
inconscientemente,
inconstantemente,
sociedade esta com mui gente,
onde tarda nós,
já não lhe pertencemos,
caindo assim em esquecimento.

  • Autor: Guilherme Pereira (Offline Offline)
  • Publicado: 9 de agosto de 2025 19:50
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 4
Comentários +

Comentários1

  • Guilherme Pereira

    Este poema foi escrito em honra aos seres sociais que, felizmente ou infelizmente, continuam vivos, e assim porém esquecidos. Almas inundadas de esquecimento e dor, enquanto feitos de pessoas mortas assim são cantados. Obrigado por lerem 🙂



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