Leio a primeira linha
Já esperando pela próxima
Ouço a primeira palavra
Esperando pela próxima
Existo durante o primeiro dia
Esperando ansiosamente pelo seguinte
Sou um eterno caçador
Do próximo segundo
Desperdiço o presente
Para alcançar
Um futuro que nunca existe
Sempre escapando de mim
Eu corro o máximo que puder
Porém ele sempre parece
No mínimo, um pouco distante de mim
Estico minha mão para entrar nele
Mas ele constantemente se porta
Como um artefato do imaginário
O pico da minha velocidade
Acompanhado pelo desprender
De grãos da minha pele
Olho para trás, vejo meu corpo atrás
Dissolvendo-se em blocos de areia
Sem vida, sem movimento
Despedaçar, acabar, destroçar
Olho para mim mesmo, me vejo mais rápido
Mais leve, invisível, impermeável à tudo
Que é sólido
Olho para baixo
Não vejo nada
Sobrou apenas
Meu pensamento
Em constante aceleração
Sedento pelo próximo segundo
Sem dores para sofrer
Sem obstáculos para me pararem
Ausente de quedas e paradas
Sou apenas
Existência
Crua e verde essência
Sem fatores de virulência
Um passo mais perto
De autodestruição por demência
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Autor:
caiolebal (
Offline)
- Publicado: 7 de agosto de 2025 08:46
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 5
Comentários1
Poema profundo com uma realidade mais forte ainda. Realmente, a ansiedade e os pensamentos infinitos sobre o depois fazem nós não vivermos o agora como deveríamos, pois estamos sempre preocupados com o futuro e presos no passado, e o presente, acaba sempre sendo prejudicado.
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