A noite, a cidade acende seus olhos.
De dia, ela finge ser gente grande — barulhenta, apressada, prática. Mas quando o sol vai embora, é como se a cidade trocasse de pele. As luzes tomam conta: vermelhas nos faróis, amarelas nos postes, brancas nos apartamentos. Cada uma conta uma história.
Tem a luz que pisca na janela do oitavo andar, onde alguém espera por alguém que talvez não venha. Tem a da vitrine da loja que fecha às dez, insistindo em brilhar para ninguém. E tem a luz solitária do poste na rua de trás, que ilumina mais silêncio do que gente.
Às vezes, quando paro no alto da ladeira e olho lá pra baixo, vejo o mapa da cidade desenhado em pontos de luz. Um universo paralelo, onde cada clarão é uma pequena vida em movimento. Alguém rindo, alguém chorando, alguém voltando pra casa.
As luzes não dormem. Elas sabem de segredos. São as vigias silenciosas da cidade — e, talvez, de nós mesmos.
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Autor:
Luiz Beatriz (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 5 de agosto de 2025 08:42
- Categoria: Não classificado
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