Tu sempre viu com zoom?
— Que nada, minha pequena.
Eu via tudo cinza, um verdadeiro dilema.
Era uma correria,
só pra acabar na próxima esquina.
Eu via as coisas tudo de uma vez...
Quanta insensatez!
E o resultado disso foi que adoeci da cabeça —
não foi só uma vez.
Quanto tempo levou?
— Ah! Demorou tanto tempo
que cabelos brancos nasceram.
Fui aprisionado nesse engenho,
com uma visão tão turva,
que via só o superficial — um olhar ingênuo.
Até que me veio um pensamento:
"Será que a vida é dessa cor?"
Foi aí que ouvi um pássaro cantar.
E, ao pousar, percebi no galho a flor a balançar.
Notei que, o que fazia ela dançar
era nada mais, nada menos
que o vento correndo com pressa,
como se tivesse um lugar pra chegar.
E, já que estava com o zoom em 50%,
vi as nuvens desenharem
uma arte tão à frente do seu tempo...
O zoom me revelou as cores.
Mas o zoom não faz focar apenas nas imagens?
— É que daí surgiu a poesia.
Ela faz você sentir com os olhos —
tá muito além da caligrafia.
É como olhar de binóculos:
ela te faz sorrir com os olhos.
Quando vejo assim, vou colorindo a vida.
Pra onde olho, eu pinto um desenho.
Como sabe as cores?
— Eu só imagino qual ficará melhor.
Aí vou riscando até não sobrar espaço.
E, cada vez, as imagens vão ficando melhores.
É como observar um quadro —
eu sempre vou dando um trato
pra que, no final,
as cores cubram todos os espaços.
Que beleza há nessa visão de zoom...
— É muito belo.
Porém, tão solitário.
É que poucos veem dessa forma.
Fico até admirado...
As pessoas estão com tanta pressa
que não conseguem olhar para o lado.
Pois é bem ali, que estão as cores:
basta sentir com o coração,
abrir a imaginação
e sorrir até que vire normal —
colocar a alegria no mais alto pedestal.
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Autor:
Cristão (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 4 de agosto de 2025 12:40
- Comentário do autor sobre o poema: Olhem com o coração
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
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