O Fardo do Ser e Erro
4-08-2025
O que é mais vergonhoso?
Entre os múltiplos véus que a sociedade nos impõe,
não sei dizer.
Mas, se a vergonha existe, é sem dúvida aquela
de enganar-se a si mesmo.
A dor que carregamos,
uma dor que ninguém vê,
é como um peso incerto no peito,
uma névoa espessa que nos cega
e que, embora se sinta no corpo,
não pode ser nomeada.
Quando nos enganamos,
não há justificativa.
Nos atos que não começaram
nem terminaram,
carregamos o manto do erro,
manto que, embora fácil de vestir,
tarda a ser removido.
E o pior, o pior
não é a mentira dos outros,
mas a mentira de nós mesmos.
O pior é que os outros nos percebem,
e com seu olhar,
nos julgam e nos ferem,
clamam por empatia, mas praticam o abandono.
Por que as pessoas não se ajudam?
Por que vivem imersas na espuma de seus próprios problemas,
como se o caos da mente fosse um lugar natural?
E no erro, o desconforto se agrava:
há sempre uma sombra que nos acusa
com uma voz que se eleva,
enquanto nos sentimos mais pequenos
e mais distantes de nós mesmos.
No entanto, quando caímos,
não é apenas a queda que importa.
É o encontro.
Mesmo que os espelhos nos mostrem imagens distorcidas,
e o ser se divida em fragmentos que não compreendemos,
no fundo sabemos:
tudo aquilo que vemos de nós é também o que somos.
E então, surge a verdade.
Não a verdade do mundo,
nem a verdade que os outros querem impor,
mas a verdade nua, sem adornos,
da alma que se descobre no silêncio.
Pois somos nós, e só nós,
os únicos capazes de compreender
o que realmente somos.
Somos únicos.
E esse único é o nosso fardo e a nossa libertação.
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Autor:
Thomas Vasconcellos Ivanov (
Offline)
- Publicado: 4 de agosto de 2025 12:23
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 3
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