Conhecia-te
eras uma espuma alva de inexistência na minha memória profunda
Vi-te
assim que te vi, olhaste-me mais além dos mares, dos olhos que se te espelharam no espelho dos meus, profundamente
Amei-te
desde aí, sem te ver, (estupidamente), como num paraíso à beira do rio
dos rios numa liturgia da purificação na fonte da felicidade.
E como se fica sem braços para lavar os olhos turvos de tudo, e que se feche, o que te antecedeu.
Risonha
e desde aí começou meu pânico, marés de pensamentos
ciclones de esperança no turbilhão espiral da espera
inundações da tua imagem recriada em tempestuoso etéreo
Já só
peço uma vela firme que me boline a porto seguro
dardejando às vagas a iniquidade de ser assim.
quero montanhas firmes que aplaquem as iras destes olimpos,
quero um céu quieto e plúmbeo, um barómetro carregado, um isolamento insular,
sem vertigens nem cansaços, sem rodopios nem espinhas,
de fronteiras circunstantes que me amarrem a qualquer doca no cheiro a maresia
e que as gaivotas, verdadeiros sinais de outras ilhas,
me consolem, virtuais, na minha solidão austera.
Ao invés
invade-me a eterna primavera no júbilo da procriação,
fértil em dez mil úteros,
ostensivamente hasteadas em mil gineceus de flores,
regada pela água descendente que pousa luxuriante nas rosas em arco-íris intermitente
polvilhada pelo sol abundante e quente que nos povoa o céu,
entre o canto fortuito das aves que fazem ninhos num amor reptiliano e cego
nos ramos do destino agreste de todas as coisas belas.
E eu
aqui fechado nesta nuvem estreita, quisera ser ave e não pensar assim.
Mergulhar no teu leito, ser da tua seita,
olhar o céu e não lhe saber o fim…
fim.
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Autor:
francs (
Offline)
- Publicado: 4 de agosto de 2025 09:13
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
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