O desvio de um anjo: a entrega a uma besta.

Joana Darque Da Silva Dario

As asas de um cavaleiro dócil esmorecem nas garras da besta,
são arrancadas, manipuladas como um brinquedo na mão de uma criança de seis anos.

Seus sonhos são corrompidos pela língua efêmera dos maus.
Sua culpa reacende em cada conotação e em cada palavra denegrida,
falada, exalada por tais seres repugnantes.

Sua língua cai dentre seus dedos,
não conta mais histórias,
não canta o amor,
não declama poemas,
muito menos poesias.

Sua alma está seca, sucumbida,
servida aos porcos em uma bandeja.
Seu corpo se deteriora a cada dia,
a cada noite.

Sua vida se resume apenas em angústia,
fundada apenas em mentiras diabólicas,
esculpida e criada por seus próprios pesadelos.

Anjo amargo, triste, inocente,
sem amor, sem culpa, sem vida.
Estar condenado por toda eternidade
ao castigo que suas proezas anticristãs lhe oferece.

— Joana Dario

Comentários +

Comentários1

  • Melancolia...

    Há uma dor crua e profundamente simbólica nesse poema — como se cada verso fosse uma ferida aberta, sangrando verdades sufocadas. A figura do cavaleiro dócil, despido de suas asas e mergulhado em culpa e desilusão, ecoa a luta de quem já acreditou na luz, mas foi engolido pelas sombras. É um retrato poderoso da queda e da condenação interna, onde os monstros são tão reais quanto os que nos habitam. Mesmo na amargura, há beleza na maneira como você transforma dor em linguagem. Que esse grito, ainda que silencioso, encontre eco em algum lugar de paz.

    • Joana Darque Da Silva Dario

      Obrigada ?. Esse poema escrevi quando ainda era adolescente, período em que sofri com ansiedade e depressão.



    Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.