MACAU: TERRA DE SAL, MAR, MEMÓRIA E FÉ

Macau: Terra de Sal, Mar, Memória e Fé
Autor: Cláudio Gia
Macau RN, 20/10/2025

No litoral onde o vento ora canta,
Deus soprou vida ao sertão,
Jesus Cristo abençoou as águas,
E as ondas trouxeram canção.
Nas salinas o sal reluzia,
Na terra que a fé bendizia,
Sob o sol ardendo no chão.

Essa região guardou triste memória,
Foi palco de dor e traição,
Jorge Velho com sua trupe chegou,
Dizimando índios em procissão.
Com sangue ocuparam as terras,
Criaram gado, levantaram guerras,
Mas Deus guardou a criação.

Jesus Cristo viu a dor dos povos,
Os clamores que o vento levou,
Mesmo com a terra invadida,
Deus ao sertanejo consolou.
Na poeira, na seca e na luta,
Deus renovava a labuta,
E a esperança nunca faltou.

Barcaças cruzavam o porto,
Com Jesus no leme a guiar,
Deus abençoava as chegadas,
Nas velas soprava o mar.
Mercedes, Madona e Cometa,
Trazendo sal como profeta,
Que Deus fazia brilhar.

O sal voltou às mãos humildes,
Que erguiam preces ao céu,
Deus via cada pegada,
Jesus escutava o troféu.
Sob o sol do meio-dia,
O sal era a melodia,
Que Deus fazia o cordel.

No Sindicato dos Salineiros,
Deus ergueu justiça e voz,
Jesus Cristo fortaleceu os lares,
Fez do pouco um algoz.
Mesmo quando cortaram contratos,
Deus escreveu novos fatos,
E a história se fez após.

O sal se multiplicou na graça,
Jesus Cristo abençoou o labor,
De quarenta mil a cem mil,
Deus transformou em valor.
Salinas brotavam em festa,
Deus conduzia a seresta,
No suor que afasta a dor.

Na lida do sertão queimado,
Jesus estava com o vaqueiro,
Deus cuidava dos animais,
No trabalho do dia inteiro.
Sem engenho ou canavial,
Deus abençoava o sal,
E Macau seguia primeiro.

Boi, cavalo, bode e porco,
Jesus na seca abençoava,
Deus era chuva no tempo,
Na carnaúba que se levantava.
Na mata com pau d’arco florido,
Deus protegia o gemido,
De quem por sombra clamava.

No porto, o vai e vem era festa,
Deus soprava o vento do cais,
Jesus Cristo guiava vapores,
Embarcações em sinais.
Quinhentas viagens no peito,
Deus firmava o direito,
De Macau seguir em paz.

Na educação brotou a fé,
Jesus ensinava a lição,
Deus era verbo nas letras,
Plantando saber no chão.
Nos livros a história cantada,
Por Deus era abençoada,
Na memória, oração.

Padres, promotores, juízes,
Homens de toga e devoção,
Jesus cuidava das dores,
Deus erguia a multidão.
No altar com luz de cera,
Deus iluminava a ribanceira,
Onde o sal brilha em canção.

O trem que não chegou,
Jesus Cristo caminhava a pé,
Deus seguia na estrada de barro,
No pó, a esperança em fé.
Hoje caminhões cruzam firmes,
Comerciais, livres e vimes,
Deus nos rumos de pé.

Do Porto do Carão ao interior,
Deus ligava cada chão,
Jesus Cristo soprava coragem,
No campo, na plantação.
Nas bocas do rio que sustenta,
Deus levava água que alimenta,
Esperança em cada canção.

Mesmo com o tempo e mudanças,
Macau ficou no coração,
Deus nos sal, no vento, na vela,
Jesus na lavra e oração.
Um povo forte em memória,
Com Deus firmou sua história,
Com Cristo, sal e paixão.