Sem vem a vida, mais que se parte
Mas o que não se parte
É seu grito, seu clamor de desespero.
Mesmo que um dia eu morra,
Que eu morra sendo lembrado —
Lembrado pelo meu clamor,
Por tudo o que já me desgastei de pensar e falar.
Clamor esse que só poucos conhecem,
Aquele que poucos entendem,
Aquele vivido por quem carrega uma dor que não se cala,
Que sempre berra nas manhãs,
E na escuridão e no vazio das noites te esfaqueia,
Como se não houvesse amanhã para deter teus atos
Tardios e desgastantes.
Saber e viver numa sociedade
Que insiste em verdades perturbadoras,
Onde os que se esforçam se matam — por inveja,
Ou por buscarem reconhecimento —
E acabam esquecidos.
Onde nós, dramaturgos das nossas próprias vidas,
Invejosas, ambiciosas,
Queremos vencer,
Mas a sociedade impõe as tarifas da derrota.
Onde temos que nos comportar,
Ou então nos calam e dizem que somos errados.
Mas por dentro, ficamos com mais raiva,
Mais ódio,
E nos destruímos.
Na vida social, familiar,
Nos amigos,
Na dor que carregamos...
Tentamos provar que somos capazes,
Mas como os vitoriosos, somos esquecidos.
Esquecidos por uma sociedade
Que ao invés de entender,
Julga, nega, e ignora a nossa tristeza.
Nesta vida de derrotas e misérias,
somos sombras em tragédias etéreas,
não lembrados por ninguém — nem por nós,
ecoando no vazio, sem uma voz.
Chamam-nos loucos com tanto desdém...
Mas o que é loucura pra quem sofre também?
É sonhar o inalcançável,
é querer ser memorável,
ou talvez por não saber celebrar
a vitória de quem conseguiu brilhar?
Viver é peso que a mente não mede,
é angústia que nasce, cresce e não cede.
É um fardo sádico, cruel e constante,
numa rotina monótona, sufocante.
Somos isolados no próprio espaço,
Presos em promessas juradas em vão,
Perdidos em nós, sem rumo ou compasso,
Carregando a dor, sufocados no não.
Somos palhaços com sorrisos rasgados,
Por trás das viseiras, gritos calados.
Sem liberdade, presos na vaidade,
Morrendo aos poucos na falsa bondade.
E então...
Nos deitamos no silêncio que ninguém ouve,
Afogados na lágrima que ninguém prova.
A alma se despede — não grita, não move —
Apenas desiste...
Como quem entendeu que a vida é só ausência em forma de tempo,
e preferiu o silêncio ao fingimento.
Como um grito que nunca ecoou no vazio,
jaz esquecido — um túmulo sem nome.
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Autor:
Thomas Vasconcellos Ivanov (
Offline)
- Publicado: 25 de julho de 2025 03:06
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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