Recaída

Estela Cassuce

eu me sinto mal.
me deito ali.
ninguém está olhando.
eu não posso simplesmente me deixar ir?

minha cabeça vira uma confusão:
eu faço ou não?
nem que seja só por algumas horas...
Até que o mundo pareça mais simples lá fora

e então acontece.
minha dopamina vai às alturas.
Me livro de toda tortura 

mas depois...
me dá vontade de arrancar meus próprios braços.
Agora, cortados 

meus dedos agora — marcados.
completamente sujos pelo pecado.
eles doem.
doem por que tem culpa.
doem por que são obrigados

sim eu sou idiota por fazer isso
e mesmo sabendo, eu faço 
eu me remoo todos os dias,
prometendo que o amanhã vai ser diferente.

mas…
e se o amanhã não existir?

sim,
eu me afundo.
todos os dias,
nos meus proprios vícios. .
no meu próprio fardo
até sentir os meus pecados

e por isso me encaram.
Me olham
Me julgam
mas eu não te julgo por me julgar —
eu te julgo por achar
que você não estaria igual no meu lugar.

  • Autor: Estela Cassuce (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de julho de 2025 13:58
  • Comentário do autor sobre o poema: Esse poema pode não ser bem vindo para muitas pessoas, considerando que fala sobre vícios. Apesar disso, é um dos poemas mais crus que eu já escrevi. Escrevi quando tinha acabado de acontecer, então senti que a dor nas palavras foi mais forte, e consegui passar a emoção do poema de uma forma mais forte. Bom, espero que gostem!
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 16
  • Usuários favoritos deste poema: el gato
Comentários +

Comentários2

  • el gato

    muito bom, parabéns

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    Uma recaída é muito triste, ela te leva ao fundo do poço e você se vê sem direção. Parabéns pelo tema abordado. Boa tarde poetisa.



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