recorrência: o que aconteceu ainda está acontecendo?
sem prejuízos, apesar da lapidação
sem regojizo se faz solidão
tornei-me mais bonito depois do amor
apesar que a janela escancarada vulgariza minha desatenção pro hábito de olhar embarcações em frente à minha cama enquanto lavo a dentição
passo o fio entre os sisos que já tirei
y mastigo o fiapo daquele momento de texto-jogral que rasqunhei em silêncio fronte a um pedaço de televisão
a janela escancarada vulgariza a minha desatenção
pergunto que horas os vizinhos vão dormir, pois todos os diálogos desgrenhados entram no meu quarto que fica ao alto de uma cabeça ou na ponta de uma proa
daqui o rastro do som de um avião
daqui um tiro também é palpitação
a baia inundando meu par de olhos
o que estou pensando não passou no rádio
a janela escancara a minha atenção
só consigo num futuro medindo
a légua do passo de cada vez
é cadarço amarrado como anzol
que também pesca um sopro
tropeça no próprio rosto
quebra a cara
fala de tudo sem saber que a janela
se queixa
nem me "su-porta"
Fabrício Hundou
-
Autor:
Fabrício Hundou (
Offline)
- Publicado: 23 de julho de 2025 10:50
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.