Ela veio na primavera com um vento incerto,
trazia os olhos tristes e muita e impaciência.
No desalinho triste das suas emoções, calada,
depositou seu cansaço nesta casa, nesta cama.
Nas banalidades dos dias entrantes e ilusões,
despojou seus medos, sentimentos e reticências.
Era um dia tépido, um tanto velado, inerte,
com um tédio inquieto, íntimo e sonhos ausentes.
Ela veio mansamente com sua tristeza intensa,
tristeza dispersa e uma vaga angústia, descabida.
Deitou-se na minha cama numa tarde lenta...
Ela sempre foi meu cárcere, meus conflitos.
Tecemos caminhos e armadilhas nessa fome.
Qualquer coisa de penumbra ergueu-se,
nesses momentos, aflorando desejos febris.
Sua carne tinha frescor e um perfume vago.
Deleitei-me ao seu lado entre vagos murmúrios.
Ela se deixou enternecer pela tarde incerta,
fez um silêncio repentino, cheio de nada, lento,
órfãos de afeições, fome inevitável e inquietações.
Ela chegou entre esperanças e saudades.
No desalinho das minhas emoções, um abraço.
No entardecer, vejo seus gestos vagar resignados.
Ela adormeceu minha monotonia e minha fome...
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Autor:
JTNery (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 21 de julho de 2025 16:01
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 3
Comentários1
Ficou ótimo, para não dizer bravos.
JC
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