Às vezes sou o tique-taque no escuro,
um mecanismo de angústia e paciência.
Perto da explosão, longe do fim
E assim sempre caminho, entre minutos e eternidade.
Alguns dias a luz é radiante, quase mentira.
Já outros, nem uma vela consegue iluminar os tons em cinza que se arrasta,
Sou feita de expectativas quebradas,
[E quem não?]
de coisas não ditas, de feridas que estão a ser fechadas
Deixo para lá.
Sigo.
Mas há horas
em que o peito vibra como um enxame,
e os remédios são pequenas âncoras
num mar que insiste em levantar ondas.
Quem me dera ser só quietação,
um caminho sem pressa, sem segredos.
Mas há dentro de mim um vulcão eufórico,
que ora dorme, ora desperta agressivo
Se esqueço um comprimido,
volta com gosto de metal na boca.
E aí que me lembro
sou frágil e forte,
uma bomba que também pode explodir em flor
E a loucura
é só a lucidez vestindo outro nome
E digo que às vezes é preciso
quase explodir para saber que existe.
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Autor:
Anna Gonçalves (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 19 de julho de 2025 22:50
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 6
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