Acordo.
A boca... Um deserto de saliva.
Nada daquele gosto de cápsula de mel e enxofre
que você deixava entre meus dentes.
De um vaso vazio onde morava um deus.
A pele?
Só a coceira de uma lembrança amputada.
Quem tocou?
Foi você ou foi o vento passando pelo buraco do meu casaco?
E as palavras...
Palavras são cadáveres empilhados no porão da memória.
Quem as cunhou? Em que bolso esquecido
ficaram até perder o valor?
Ditas por quem?
Por você? Por mim? Por mais alguém?
Ou pelo rádio enferrujado daquele quarto?
Que caíra no ouvido de um velho surdo.
O esquecimento é um rato roendo a linha dos fatos.
E eu aqui, já não mastigo migalhas de coisa nenhuma.
-
Autor:
Anna Gonçalves (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 15 de julho de 2025 15:45
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 13
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.