Isso não é um poema.

osths

acho que a coisa mais insuportável do mundo, é conhecer alguém que você deseja com todas as forças, mesmo sabendo que o "nós" dentro da sua cabeça nunca vai sair da hipótese. É não chorar por absolutamente nada e não remoer a perda de inúmeras pessoas, mas sentir um nó na garganta só de pensar em não ter mais ela. É ler histórias de amor, escutar relatos e se identificar nas músicas mais bonitas e melancólicas de amores que deram errado, enquanto essa pessoa vem na sua cabeça. Isso é o lado ruim de amar. O lado ruim de experimentar tão de perto o início de uma história de amor como os filmes mostram, mas diferente de cada um deles, vivenciar o que é fracassar e não ter o final feliz que tanto deseja. O ruim é como a gente deseja ter Alzheimer de tanto relembrar cada uma das memórias que construimos e sentir que isso está e sempre estará cravado no peito. É acompanhar a vida de alguém por fotos, a qual você acompanhou tão de perto. Sinceramente? não depende do tempo que vocês estiveram ou estão juntos, se foi um mês ou dois, anos ou décadas, nada nunca se compara quando falamos de conexão. Existe um termo japonês "unmei no akai ito", que fala sobre almas gêmeas, mas o ruim de viver na vida real e não na ficção, é que nunca sabemos quem está do outro lado do nosso fio vermelho. O ruim, é quando você sente uma conexão profunda com alguém, como se durante o abraço carnal, suas almas também estivessem se abraçando e você acredita fielmente que essa é a tal pessoa certa, a que foi predestinada pelo o destino e qualquer coisa que nos comande, que irá passar o resto da sua vida até o final, ao seu lado. A dor mais insuportável do mundo, é a tal dor do coração quebrado. É o momento em que seu coração, junto com a sua cabeça, percebem por inúmeros fatores externos e internos, que essa não é a pessoa que irá ficar com você. Às vezes os fatores passam despercebidos aos seus olhos, mas não do da outra pessoa e talvez, isso seja o mais injusto. Viver na tal espera e na ilusão de que qualquer coisa que aconteça não se compara ao sentimento, enquanto o outro já se planeja como irá passar o resto da vida sem você. E quando ela parte, às vezes, mesmo que ela jogue na sua cara cada um dos fatores que o universo, deus, as pessoas a sua volta, ela e até você mesmo que conspiraram contra você e o "nós",  você não entende. não parece certo. não faz sentido. simplesmente parece algo incompreensível. e essa é a crueldade e injustiça dos papéis de quem termina e quem aceita, de quem quer ir embora e quem quer ficar. Mas no final, os dois se movimentam. E a dor? ela começa a ser porque vocês não andam mais lado a lado, caminhando sempre para frente, mas sim separados. Em lados ambíguos. Em lados opostos da linha tênue que é a vida. O tempo parece que para, mesmo que não seja linear. Você se sente destruído, perde realmente o sentido. Por quê? Porque o sentido até então era viver e no final, cair nos braços dela. E quando você vive, sem aquela peça que tocava tanto o seu coração, você entra em abstinência. Então sim, o amor é uma droga. Uma droga tão gostosa de se sentir e viver, mas tão mortífera quando chega ao final. E o pior? é que somos fadados a sentir este amor fadado ao fracasso inúmeras vezes na nossa vida. Com pessoas diferentes, às vezes a mesma, em intensidades diferentes, em momentos diferentes. E em cada um desses amores, você não se despede apenas da pessoa, mas também de si mesmo. Da versão que existia antes dela aparecer e da versão que você era com ela. E isso assusta. Assusta ter que se reencontrar após perder sua identidade e o amor da sua vida até então em um piscar de olhos. E a velocidade como a vida muda é até cruel. Em um dia você está sentindo como o beijo, o abraço e o sexo é gostoso quando existe sentimento, e no outro? Você perde tudo. Às vezes entra em até em celibato. Às vezes começa a beijar qualquer boca e tocar qualquer corpo tentando fazer a alma esquecer, mas a verdade? É que você vai lembrar cada. vez. mais. Simplesmente porque não é ela. Simplesmente porque o sentimento não está ali presente e isso faz falta. Faz falta esquecer como se respira só de estar por perto. Faz falta sentir o coração acelerar só de pensar nela. Faz falta como o corpo arde em calor ao toque dela. E isso é tortura. O mais torturante é como às vezes você sente 10x mais do que a outra pessoa, é ter que iniciar o contato 0 pra esquecer, tirar tudo que ela deu do seu quarto, esquecer cada um dos apelidos amorosos (e ganhar repulsa deles), tentar viver a sua vida e esquecer, mas ela continuar aparecendo em seus sonhos. Noite após noite. Sem descanso algum. E isso? isso mata. Mata lembrar do sorriso, da voz e da risada, sonhar com o abraço e uma resolução entre vocês que muitas vezes só um lado deseja. Mata revisitar os lugares que existiu o "vocês" e desejar só por mais uma vez ficar acordado até tarde, esperando a pessoa voltar e conversar sobre o que conversavam. Mas por mais cruel e revoltante que isso seja, às vezes, precisamos aceitar que a coisa mais insuportável do mundo acontece várias e várias vezes ao longo da vida. E que, por mais que a primeira experiência seja marcante e profunda, jamais será a última. Talvez precisemos de um manual de como lidar com a rejeição e o fim de algo que desejamos ser eterno, mas até lá? faremos o nosso melhor dia após dia. E às vezes, o nosso melhor demora 1, 2 ou 3 anos para deixar a história para lá e tudo bem. Acho que isso só comprova o quanto o nosso coração consegue amar. Só comprova o quanto amamos. Mas na maioria das vezes, precisamos deixar a pessoa escapar de vez de nossos dedos, para que possamos ser amados de forma recíproca no final. Do mesmo jeito que amamos no passado.
E talvez, essa seja a coisa mais insuportável do mundo.

  • Autor: osths (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de julho de 2025 02:30
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7


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