O Meu Desejo de Salvar o Mundo

Na vastidão dos sonhos, onde heróis dançam,

Penso em mudar o mundo, como uma artista audaciosa,

Um golpe de pincel em telas invisíveis,

Transformando poluição em flores,

Desnudando as dores do planeta,

E, quem sabe, fazendo o sol brilhar um pouco mais.

Ah, como é grandioso meu plano!

Comigo, as florestas voltarão a sussurrar,

Os oceanos, em festa, celebrarão,

Mas, ao lado, uma sombra me chama:

“Mãe, a louça, por favor!”

E eu, como um canguru exausto,

Sinto o peso do mundo em cada prato sujo.

Oh, a luta por uma terra melhor,

Um ideal que fervilha em cada poro,

Mas, oh, quão pesado é o sabão!

Meus braços se tornam de chumbo,

E a esponja, uma cruel ironia,

Gritando: "Salve o seu lar primeiro!"

E enquanto sonho em mudar a história,

A louça se empilha, imponente,

Uma pirâmide de tarefas,

Esperando a ação do seu filósofo da vida,

Que, no fundo, só queria ser uma heroína,

Mas agora se vê em apuros com um copo encrustado.

Rindo de mim mesma, entre pratos e talheres,

Concluo que salvar o mundo começa aqui,

Na simplicidade de um ato rotineiro,

Na água que escorre, na espuma que brilha,

E mãe me ensinou, com um olhar de sabedoria,

O saber que, por trás da louça,

Um universo de mudanças se inicia.

Então, com humor, encaro a realidade,

E ao invés de um épico, faço um poema,

Que na luta por grandes feitos,

O trivial se transforma em sublime,

E, enquanto esfrego a louça,

Sorrio, pois, na verdade,

O mundo que eu quero salvar

Começa dentro de casa.