Com amor ao ódio

verenavini

 
A gente se mata, se odeia e desfaz os laços.
Deixa de falar,
de visitar,
de chamar pra sair,
de curtir...
Depois de seguir e, finalmente, de amar.
Até o momento em que nossas opiniões são as únicas que importam
e nossas verdades, mescladas ao espetáculo que passou a ser chamado de realidade, nos colocam
a parte do todo.
É assim divididos que somos conquistados
há mais de 5 séculos.
A colonização nunca parou e a guerra nunca teve fim. Repetindo assim
a história do poder se mantém nas mãos de quem sempre o teve e sempre utilizou dessa estratégia para nos manter aqui embaixo, ocupados demais brigando, embriagando e entretendo.
Matando e morrendo.
De medo do mal e do escuro
que é o outro.
É justamente na ausência da luz que se implanta a escuridão. Ela preenche e toma a forma que quiseres. Essa forma, você nomeia, mas realidade e ficção,
fato e opinião
já não têm mais um limite.
Dane-se o trabalho de quem dedicou a vida inteira, basta eu dizer -ismo e você deixa de acreditar, diz que é besteira.
Basta ele dizer -alha que eu deixo de ouvir.
E aí, meu amigo, somos presas fáceis,
animais dóceis, simplesmente confortáveis
com nossas gaiolas invisíveis que assumem formas diferentes.
Não existe melhor forma de controlar as pessoas
do que fazendo elas controlarem as próprias mentes
e dos outros, policiando isso ou aquilo, reprimindo com palavras rudes e ásperas tudo aquilo
que não lhes agrada,
independentemente de ser realidade ou não, pois já não importa nada.
Desde que vim ao mundo, ouço falar de um futuro. Tantos avanços tecnológicos mas sem nenhum amor,
sem respeito e ódio sem pudor.
O único amor que sentimos, infelizmente, é ao consumo e à propriedade, aos produtos, isso é comum.
A felicidade vem engarrafada ou com uma etiqueta. Felicidade com 30% de desconto me faz mais feliz. O único respeito que tenho é quando ouço que fulano é um Senhor Alguém, formado Naquilo na faculdade Tal. Até então, era apenas mais um, apenas um pedaço
de carne que sorri e que não me interessa até eu saber o que posso ganhar algo com isso.
Desde pequeno, me prometem um lugar melhor, que eu seria a mudança, mas porque então, meu Deus, que só vejo as coisas piorarem?
Será que sou eu?
Será que é o mundo?
Será que isso é ficção ou realidade?
Verena
10/07/2019
  • Autor: verenavini (Offline Offline)
  • Publicado: 10 de julho de 2025 17:03
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 3


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.