Te vi na noite sem nome,
com olhos que não pediam socorro,
mas queimavam como faróis
em um mar que eu nunca soube nadar.
Te levei sem saber teu nome,
mas teu silêncio me gritou
mais alto que qualquer ordem
que o sangue da máfia já me deu.
Você era o erro.
Mas também era o fim da minha lógica.
O refém que me prendeu
com correntes que não se veem.
Tentei te manter longe,
mas cada passo teu ecoava em mim.
E quando você me olhou —
não com medo, mas com raiva —
eu soube:
não era você quem estava preso.
Era eu.
Preso no que não entendo.
No que não posso ter.
No que não posso soltar.
E mesmo que o mundo desabe,
mesmo que a cidade nos engula,
eu voltaria àquela noite
só pra te ver de novo
me odiando com os olhos
e me salvando em silêncio.
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Autor:
Maria Clara Furtado (
Offline)
- Publicado: 9 de julho de 2025 21:46
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 8
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