Você Me Bagunça
Senti tua falta nas noites vazias,
Quando o frio abraça e o peito reclama.
Teu toque ecoa em minhas nostalgias,
E teu perfume ainda inflama minha cama.
Uma semana e eu já não sou o mesmo,
Tua presença foi furacão e chama.
Bagunçou meu mundo, tirou-me do eixo,
E deixou tua marca onde a alma clama.
Você me bagunça, me arranca o sossego,
Mas é no caos que encontro o que sou.
Tuas palavras são trilhas que carrego,
Nos caminhos incertos que o amor traçou.
Tudo ficou como um filme guardado,
Curto e intenso, mas eterno e marcado.
(Renan)
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“Bagunça que Fica!
Bagunçar a vida? Ora, por que não?
Se o certo demais cansa o coração,
No emaranhado das horas e dos dias,
Moram as histórias, as risadas tardias.
Não espere ordem em meus passos incertos,
Nem planos firmes, nem caminhos retos,
Há beleza no caos, um segredo antigo,
Que só se revela no riso e no abrigo.
As memórias florescem entre tropeços,
Entre porres, confissões e tropeços,
Pois a vida bem vivida é essa bagunça,
Que deixa marcas — e nunca se cansa.
Seja então essa desordem consentida,
Que enche a alma, e não se esquece da vida.
( Sezar kosta)
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"Caos que Sorri"
No começo, tudo fora do lugar,
almofadas no chão, tinta no sofá,
o vento brincando com os papéis no ar,
e eu tentando — em vão — organizar.
Mas algo em mim dizia: deixa estar.
Sapatos dançando longe do par,
um copo tombado querendo chorar,
os risos fugindo sem avisar,
e a música alta a me embriagar.
Era caos..., mas um caos a me abraçar.
Entre a bagunça, teu olhar brilhava,
como se ali o mundo começava,
e o riso que tua boca lançava
fazia até o erro virar piada —
e a desordem se tornava encantada.
No fim, tudo era só memória boa:
pintura na parede, almofada à toa,
e eu ali, com a alma quase à toa,
rindo da vida que escorrega e voa,
num domingo que ninguém mais perdoa.
Porque há beleza nesse tropeço,
nesse improviso, nesse começo,
em cada pequeno e tolo excesso
que faz do desajeito um endereço
onde a alegria mora — e eu confesso
(Melancolia)
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BAGUNÇA 'QUIETA'
Eu tenho uma bagunça tão quieta.
Se você prestar atenção nos meus olhos, vai perceber:
estou distraído, de cabeça baixa,
com um olhar distante
e um grito bem baixo.
Você não percebe nos meus olhos,
mas tem muita coisa espalhada pelo chão:
as roupas,
a toalha na cadeira,
a sandália —
faz tempo que não encontro o outro lado.
O coração? Deve estar espalhado por tudo isso.
Mas, se você prestar bem atenção,
vai conseguir ver tudo isso nos meus olhos.
Eu sei, aparentemente está tudo bem:
cabelo penteado, roupa limpa,
Pálpebras enxutas
e um sorriso largo.
Mas acabei esquecendo a torneira ligada.
Ainda bem que sempre tenho um lenço —
por isso os olhos não estão encharcados.
Mas, se você olhar bem neles,
sempre escorre uma gota.
Porque isso se iguala a dias chuvosos.
E um guarda-chuva não consegue
conter uma tempestade.
Mas, se você não percebe, tudo bem.
É tão calmo...
sem barulhos,
invisível.
Só te peço:
da próxima vez que me olhar,
preste atenção nos meus olhos.
(Tiago Santos)
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BAGUNÇA
No princípio Deus criou os céus e a terra.
E a terra era sem forma e vazia;
E havia trevas sobre a face do abismo;
E O Espírito de Deus sobre as águas se movia
E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
Viu que era boa a luz; fez Deus separação
Entre a luz e as trevas. Depôs a escuridão
Deus chamou à luz Dia; e às trevas, Noite
Foi tarde e manhã, este, o dia primeiro.
(Não sei se foi aí que iniciou o Mês de Janeiro)
Do muito ouvido, discuto o que aprendi
Após haver Caos, haveria um final feliz
Precisou haver ORDEM nessa FORÇA Motriz
Em sete dias tudo fez. Solo bom, fértil, perfeito
O Fute, então pensou: nem tudo está direito
Preciso recriar tudo, algo novo do meu jeito
Leio a história e me encontro nela
Procurando no jardim se existe flor mais bela
Vou à cartas remexidas achar sorte para a vida
Fama e dinheiro e a moça mais querida
No jogo tentador dos Valetes, Reis e Damas
As cartas reviradas, reviravam-me na cama
Letras e figuras carteadas entre os dedos
Mexiam com meus sonhos, traumas e os medos
Em um mundo surreal, amor vira jogatina
Tudo que começa mal nem sempre bem termina
Na força de Sansão fracassou sua disciplina
E a volúpia de Dalila, transmudou a sua sina
Cada história tem o fim que sua vida reedita
O caso de Lampião que descasou Maria Bonita
De esposa sertaneja preferindo ser jagunça
Tal romance ascendeu mau legado à bagunça
(elfrans silva)
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Autor:
elfrans silva (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 8 de julho de 2025 15:16
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 11
- Usuários favoritos deste poema: Spell mesclados, Melancolia..., Sezar Kosta
Comentários2
Agradeço de coração a colaboração dos amigos convidados. Um trabalho excelente do qual ressalto as concordantes inspirações referente ao tema BAGUNÇA. Aplausos. Todos foram ótimos e completos na proposta deste desafio SPELL MESCLADOS.
Satisfação sempre em poder participar destes Mesclados incríveis.
Grato a todos os colaboradores.
Abraços;
E aí, pessoal do GRUPO POÉTICO SPELL!
Que tema instigante o de "Bagunça" desta vez! Confesso que, ao ler as poesias, senti minha mente virar um redemoinho de ideias, mas um redemoinho delicioso, viu? Vocês têm o dom de transformar o caos em arte, e isso é para poucos!
Abrindo a pista, o Renan com "Você me Bagunça". Renan, sua poesia é um furacão de sentimentos, daquele tipo que a gente não quer que vá embora. É como se a bagunça do amor fosse o lugar mais organizado do mundo. A forma como você descreve o caos que a presença do outro causa, e como nesse caos a gente se encontra, é simplesmente linda. Um filme curto e intenso que fica marcado na alma!
Depois, veio a minha, "Bagunça que Fica!". Bom, tentei dar um empurrãozinho para a desordem consentida, afinal, a vida sem umas bagunças de vez em quando é como um livro sem virar as páginas, né? Espero que a minha "bagunça" tenha feito vocês sorrirem e pensarem que nem tudo precisa estar no lugar para ser perfeito.
Meu amigo Melancolia nos presenteou com "Caos que Sorri". Melancolia, sua poesia é um abraço quentinho no meio da desordem. A forma como você transforma almofadas no chão e sapatos dançando em memória boa é genial. É o tipo de caos que a gente quer para a vida, aquele que faz o erro virar piada e a desordem se tornar encantada. Uma verdadeira obra-prima do improviso!
O Tiago Santos nos trouxe a "Bagunça 'Quieta'". Tiago, sua poesia é um convite para olhar além do óbvio, para decifrar os segredos que os olhos guardam. Essa bagunça invisível, mas tão presente, que se esconde atrás de um sorriso largo e um cabelo penteado, é um retrato da alma. A metáfora da torneira ligada e da gota que escorre é de uma sensibilidade que desarma. Um lembrete gentil para prestarmos mais atenção uns nos outros.
E o Elfrans Silva veio com uma "BAGUNÇA" que é uma verdadeira viagem, do Gênesis à jogatina da vida! Elfrans, sua poesia é um turbilhão de referências, misturando o divino com o humano, o sagrado com o profano, a ordem com a desordem. A forma como você conecta a criação do mundo com as reviravoltas do baralho e as histórias de Lampião é de uma criatividade que nos faz pensar e rir ao mesmo tempo. Uma bagunça organizada de ideias que é puro deleite!
Gente, que rodada incrível! Cada um de vocês trouxe uma perspectiva única sobre a "bagunça", mostrando que ela pode ser amor, liberdade, alegria, segredo ou até mesmo uma lição de vida. A capacidade de vocês de transformar um tema tão cotidiano em algo tão profundo e divertido é inspiradora.
Parabéns sinceros, GRUPO POÉTICO SPELL, por mais essa rodada de poesias que bagunçou a minha mente da melhor forma possível! Que venham muitos outros temas para a gente desvendar juntos.
Um abraço bagunçado e cheio de carinho,
Sezar Kosta
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