Leitura da Tua Carne

Versos Discretos

Abro teus poemas como quem desabotoa um segredo
Cada verso teu se ergue, voluptuoso, no papel e na pele
Leio tua caligrafia ardente e nela pressinto teus seios —
dois parágrafos firmes onde meu olhar se demora faminto

Tuas estrofes são como teu colo macio que minha mão revisita,
como quem busca sentidos ocultos sob cada sílaba de pele
E teus cabelos ondulados, rios de tinta negra,
escorrem na página e me enredam na tua noite morna

Teus lábios são a pontuação final — carnudos, febris,
vírgulas que incitam meu fôlego a se perder entre tuas linhas
Teus poemas, amor, são labaredas que me incendeiam os dedos,
mas teu corpo é o livro proibido que devoro sem pudor

Quando te leio, cada frase faz latejar minha fome antiga
E ao pousar minha língua nas margens do teu texto,
descubro que só teu hálito e teu gosto completam o sentido
— e nenhuma metáfora é tão doce quanto tua carne aberta

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