Lavanda

Deast

Amar é estranho.

Não sei como descrever,

como pôr em palavras o quanto amei,

tudo o que aprendi,

tudo o que cresci

e tudo o que errei.

 

Amar é lindo.

Conheces quem está ali

de fora para dentro

e de dentro para fora.

Preocupas-te, cuidas,

fazes tudo o que tens que fazer.

 

Amei.

E sei que fui amado.

Mas quando deixou de ser amor

e passou a ser necessidade?

 

Os altos e baixos

que te deixam viciado,

agarrado, desesperado, obcecado.

 

Fui árvore a romper casca,

a pedir mais céu.

Mudei cada flor do meu ser, e ainda assim,

o outono levou tudo.

 

Fui semente em terra

que não me queria,

e culpei-me

por não nascer.

 

E sei que não é culpa da terra,

aposto que tentou ao máximo me acolher.

 

Depois, quando a luz acabou,

não compreendi que a vela já tinha

chorado cera, em silêncio.

Tentei segurar algo

que já não ali estava,

e perdi o que restava.

 

Amei.

Mas amar é doloroso.

 

Velejei nos meus pensamentos

e afoguei os meus neurónios,

para tentar entender,

o que podia ter feito diferente,

sem ver

que não havia mais o que fazer.

 

Amar é doloroso,

ou assim eu acreditava,

cego para ver

que era o que eu precisava.

 

Há plantas

que só florescem

depois de parecerem mortas.

 

Talvez seja no escuro,

do fundo da terra,

que comecem as raízes novas.

 

Sempre amei o roxo,

então não me devia surpreender

por ser lavanda.

 

Hoje sei que amei.

E olho para ti com carinho

e nostalgia,

por saber que vivemos tudo o que vivemos.

Perdi-te, mas na tua perda,

encontrei-me.

 

O isqueiro em meu peito

já não acende de dor

quando te revejo onde for.

 

Sempre serás amada por mim,

mas não como alguém que te deseja,

e sim como alguém

que amou estar ao teu lado

e hoje quer amar,

para sempre,

outro alguém.

  • Autor: Deast (Offline Offline)
  • Publicado: 7 de julho de 2025 18:47
  • Comentário do autor sobre o poema: \\\"Lavanda\\\" nasceu da tentativa de entender a dor de um amor que foi bonito, mas se perdeu. É uma carta de despedida e de gratidão. Às vezes, perder alguém é o que nos permite encontrar as nossas raízes.
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 2


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