AVE-MARIAS - I
Pelas ruas onde andou Cesário
Hoje andamos nós no Verde
Que infelizmente já não é tão verde
Aqui já não floresce mais nenhum Cesário
De cá para lá só se esperava o melhor
O entardecer mais sombrio
Rajadas de ainda mais frio
De lá para cá só ficara pior
Quem vive cá, fica triste com a realidade
Quem parte, a fortuna encontrará
De saudades não chorará
Finalmente encontrou a sonhada felicidade
Já não se encontram pessoas, estão em office
No badalar, só se vê portas a fechar
Todos cansados de trabalhar
Nisto eu acredito, mesmo que não ouvisse
Não voltam, eles vão sem mágoa
Já não arrumam os barcos
Vão sem medo, sem rastros
E em terra fiquei a beirar pela água
A arma agora é inteligente
Mas não tão intelectual como nós
Não tão criadora como a nossa voz
Mas frente a algo artificial, ninguém mais faz frente
Chega a hora da janta nos restaurantes
Crianças na mesa já viciadas
Adultos não vêem que estão de mãos atadas
Não notam que são figurantes
Nas ruas discutem
Um alvoroço desnecessário
Ao lado, um idoso solitário
Ajudam no combate, mas os idosos que lutem
Do outro lado, uma navegante
Cansada, assustada e esperançosa
Veio triste e irritada, mas sempre amorosa
Em casa, com filhos para alimentar, uma fome gigante
Ela trabalha de noite até de dia, repete-se
Uma vida monótona
Mas se lhe perguntarem, ela está ótima
Em casa, a salvação, com os filhos espairece-se.
Oh, desgraça! Estamos perdidos
Daqui para a frente é só para trás
Daqui para trás não tínhamos paz
Vamos todos começar com os ganidos
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Autor:
Ricardo Gaspar (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 7 de julho de 2025 16:12
- Comentário do autor sobre o poema: O poema é uma reconstrução da obra \\\"O Sentimento Dum Ocidental\\\" do poeta português Cesário Verde.\r\nEspero que gostem!
- Categoria: Triste
- Visualizações: 2
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