não quero possuir
quero venerar
como quem acende vela
e lambe o chão onde ela pisa
com tesão de milagre
sou devoto da nuca dela
dos pelos do braço
da forma como a blusa deixa o peito quase escapar
e como a calcinha marca o jeans
cada curva é escritura
cada dobra da pele, profecia
cada riso sem pudor, um convite pra me ajoelhar com a boca
ela fala e o mundo silencia
me chama pelo nome
e isso já basta pra me fazer fiel
os áudios dela viram salmo pornô
os gestos, altar erguido em motel barato
os olhos: dois buracos negros onde eu deixo minha fé gozar
eu não quero carinho
quero ela nua
quero ela de quatro na minha mente
e na minha cama
e no meu colo
com a boca suja dizendo que é minha
amo ela com a força de quem se masturba pensando em cada detalhe
com culpa, com pressa, com adoração nojenta
não quero que ela me ignore
quero que ela me escolha
quero ser o único altar onde ela se despe sem culpa
quero ser o nome que ela grita sem medo de estar errada
ela é templo
é puta divina
é santa que goza no inferno
enquanto eu
sou o cão sujo, tremendo na porta
com o nome dela preso na língua
e a alma lambendo o que sobra
sempre dela
até o dia que ela seja minha
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Autor:
Willie Stchaikovski (
Offline)
- Publicado: 7 de julho de 2025 02:04
- Comentário do autor sobre o poema: E aí, pessoal! Tudo bom? Estou postando os poemas no meu Instagram: @manualquasehomem
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 1
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